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III edição do Seminário Viver Mulher reúne especialistas e trabalhadoras para discutir violência contra as mulheres

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O SindhotéiS-Ba realizou nos dias 29 e 30 de outubro, o III Seminário Viver Mulher  e o lançamento da Cartilha SindhotéiS Mulher, além de apresentar palestras com especialistas da área de Violência Contra Mulher, na sede administrativa do SindhotéiS, em Salvador. Dezenas de trabalhadoras e trabalhadores da categoria compareceram ao evento para discutir a incidência da violência contra as mulheres, formas de denúncia e proteção, a preponderância da mulher no mercado de trabalho, entre outros temas.

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 A cartilha SindhotéiS Mulher foi lançada no evento e conquistou o público que folheou o conteúdo junto com a delegada e assessora técnica do Gabinete do Delegado Geral de Polícia da Bahia, que foi delegada titular da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM – Salvador) por doze anos, Isabel Alice, onde puderam conhecer os principais artigos da Lei Maria da Penha, além de refletir detalhadamente sobre alguns conceitos expostos na Lei. “ A Lei Maria da Penha é baseada no gênero e gênero é papel social, este é o grande avanço da Lei. Por isso essa Lei alcança todos os casais independente de sexo”, destacou a delegada. Outro tema importante exposto por Isabel Alice foi a chamada “Pornografia da Vingança”, onde homens fazem imagens íntimas de suas parceiras para após um término ou briga expor na internet, fato lamentável que pode gerar consequências irreversíveis como o suicídio de muitas dessas mulheres. A delegada também chamou a atenção para o comportamento de passividade de quem sabe ou presencia a violência, inclusive existe um jargão amplamente disseminado que concretiza essa ideia, que é “Em briga de marido e mulher, não se mete a colher”, no entanto, a delegada explicou que a Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher (DEAM), em uma de suas campanhas readaptou o jargão para tentar desmistificar essa ideia de passividade diante da violência contra a mulher, ela usou “Em briga de marido e mulher você pode ser a colher”, “fomos buscar o conceito da colher, a colher não corta, não machuca, usamos o termo colher de chá para demonstrar a simbologia da mediação, da não violência, de tolerância e de ajuda”, explicou.

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A Secretária Nacional para Assuntos da Mulher da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), Sônia Zerino, falou sobre “A violência contra a mulher e o impacto no mercado de trabalho”, destacando as formas de violência e de assédio moral e sexual dentro do ambiente de trabalho, explicando formas de combate e denúncia. “Quando o ambiente de trabalho é ruim, trabalhamos sem motivação…vocês devem ser agentes multiplicadoras do tema”, destacou Zerino. Ela ainda destacou a importância de se discutir o conceito de assédio moral, pois ainda não tem Lei, “existem vários projetos em andamento…mas o conceito de assédio moral é muito abrangente e não devemos ter o risco de engessar o conceito”, ressaltou.
A doutora em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia. Professora do Programa de Pós-Graduação em Estudos Interdisciplinares Mulheres, Gênero e Feminismo (PPGNEIM/UFBA), Márcia Tavares, abordou os “Avanços e desafios no enfrentamento à violência contra as mulheres em Salvador”. A professora doutora, Márcia Tavares, lembrou da criação paternalista e a influência disso no comportamento das mulheres atualmente, “as mulheres aprendem desde cedo que tem que ter o dom de perdoar, mas não deve ser assim”, lembra.

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Os momentos marcantes na história do combate a violência contra a mulher foi entre 75 e 85, que foi a década da mulher onde foram feitos documentos para exigir dos países políticas públicas para as mulheres. E também em 2006, com a promulgação da Lei Maria da Penha que expressou uma reivindicação de muitos anos. Tavares explicou que a violência que ocorre com mais frequência é a intrafamiliar, ou seja, a mulher é agredida pelo parceiro ou por alguém que convive com ela. “A violência é considerada um problema de saúde pois atinge mulheres do mundo inteiro”, lembrou a especialista. A professora apresentou dados relevantes para destacar a amplitude da violência contra as mulheres, “segundo dados do Data Senado de 2013, 13 milhões e 500 mil mulheres sofreram violência, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) de 2014, 527 mil foram estupradas ou sofreram tentativa de estupro”.
O evento também contou com a presença do presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade (Contratuh), Moacyr Roberto Tesch Auersvald, que destacou a importância do evento Viver Mulher para a disseminação de conhecimento e prevenção da violência entre as mulheres da categoria de turismo e hospitalidade.
A coordenadora de planejamento da Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres (SPM), Luciana Embilina, esteve presente no evento representando a secretária Olívia Santana, para Luciana “o tema da redação do Exame nacional do Ensino Médio (Enem) levou o estudante a uma reflexão sobre a violência contra mulher. É um importante como pontapé para que o tema avance, pois sempre esteve a margem das discussões”. Disse ainda que “o enfrentamento da violência é tratado com muito afinco pela atual gestão. O enfrentamento é a luta pela igualdade e não contra os homens. Pois eles precisam integrar a luta contra a violência. Parabenizo o SinddhotéiS pela iniciativa, pois o turismo é uma área onde acontece muito a violência. É muito importante que este seguimento esteja aberto a discussão do assunto”.
O presidente José Ramos, destacou a importância da cartilha SindhotéiS Mulher, “essa cartilha não é para guardar e esquecer, é um material para ser lido constantemente e compartilhado. Muitas mulheres violentadas e assediadas tem vergonha de denunciar. Este assunto deve ser semeado dentro das empresas, por isso a importância de compartilhar este material”.
Diretora da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade (CONTRATUH), Vera Lêda, disse “vamos dar valor a mulher, pois estamos aqui para construir uma sociedade justa. Se conhecemos o assunto e a Lei temos a obrigação de defender e ajudar na luta contra a violência”.

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Foram sorteados vários brindes para as participantes do evento. As palestrantes convidadas também foram contempladas com presentes e flores.
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