CARTA À POPULAÇÃO
Nós, trabalhadores do setor de turismo (hotéis, bares e similares) queremos alertar a população sobre a situação lamentável que estamos vivendo, recebemos salário mínimo, trabalhamos precariamente e com os nossos direitos limitados. Somos a base de todo o serviço turístico da cidade, nós recebemos o turista nacional e internacional em nossa cidade e prezamos pelo bom atendimento, para que esse turista sempre retorne. Estamos vivendo um contexto em que a cidade será o foco do mundo, todos os olhares serão direcionados para a Bahia e para o Brasil, pois vamos receber a Copa do Mundo 2014. Sabemos que a infraestrutura da cidade e de seus empreendimentos precisam estar preparadas para receber esta demanda, mas e a mão-de-obra? Os trabalhadores de hotéis, bares restaurantes e similares que ficam na linha de frente do atendimento também precisam de condições dignas de trabalho e de salário. A nossa categoria precisa ser valorizada e respeitada.
A nossa data-base é janeiro e estamos no momento de negociação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT 2014), neste documento a categoria reivindica salário digno com reajuste de 12%, redução da carga horária de 44h para 40h sem redução de salário, limite de quartos por camareira, ticket alimentação ou cesta básica, adicional de 30% para o recepcionista que conhecer um segundo idioma, entre outras necessidades que pretendemos regulamentar para garantir melhorias para a nossa classe. No entanto, estamos há três meses com a CCT 2014 pronta e enviada ao sidicato patronal, tentamos um acordo, mas o sindicato patronal oferece apenas reajuste salarial de 4,5%.
O Sindicato dos trabalhadores em hotéis, restaurantes, bares e similares da cidade do Salvador e região (SindhotéiS) que representa a categoria, já se reuniu com o sindicato patronal na tentativa de chegar a um acordo sobre a CCT 2014, mas não obteve sucesso nas negociações, os patrões não atendem as reivindicações dos trabalhadores.
Estamos no mês do Carnaval, a estimativa é que cheguem 526 mil turistas em Salvador nos seis dias de festa, que deve arrecadar, segundo a Secretaria de Turismo, R$ 1 bilhão de reais e grande parte desse dinheiro vai para os cofres dos empresários de bares, restaurantes e similares, que cada dia mais aumentam seus patrimônios e seus lucros (aumentado diárias e cardápios), mas o trabalhador terá maior demanda de serviço com as mesmas condições precárias de trabalho e salário. O mesmo deve acontecer em junho, durante a Copa do Mundo de 2014, a cidade lotada de turistas injetando dinheiro e o trabalhador sendo explorado. Chegou o momento dos patrões se questionarem – Que tipo de serviço turístico a Bahia quer oferecer? – e começarem a investir na mão-de-obra, com remuneração e boas condições de trabalho, os turistas e a população agradecem!
