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Ônibus interestaduais podem parar em protesto por liberação de motorista preso

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Os rodoviários questionam a permanência do motorista Jocival Pinto, que atropelou um médico e a irmã dele na Estrada do Coco, após a liberação da médica Kátia Vargas, acusada de ter causado a morte dos irmãos Emanuel e Emanuelle Gomes, em outubro de 2013
Em protesto contra a permanência na prisão do motorista Jocival Pinto, que atropelou o médico Raimundo Pereira da Silva Filho e sua irmã em janeiro deste ano, na Estrada do Coco, os rodoviários das empresas da Região Metropolitana de Salvador paralisaram as atividades na manhã desta segunda-feira (23). De acordo com Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários da Bahia, os coletivos das empresas Rio Vermelho, Via Nova, Dois de Julho, Costa Verde, ODM e BPM só voltaram a circular em Salvador e RMS por volta das 9h de hoje.
Rodoviários se reuniram hoje em assembleias, e uma reunião entre a diretoria do sindicato está marcada para a manhã desta terça-feira (24).
Segundo o presidente do sindicato, Hélio Ferreira, a reunião amanhã será decisiva. “Nosso objetivo é decidir se os motoristas dos ônibus interestaduais irão paralisar as atividades neste período do Natal e Ano-Novo”, conta. “É muito provável que isto aconteça, e que as pessoas que vão viajar para o interior nesta época fiquem sem ônibus”.
Desde a liberação da médica Kátia Vargas, apontada pelo Ministério Público como responsável pela morte dos irmãos Emanuel e Emanuelle Gomes no mês de outubro, em Ondina, a categoria está insatisfeita com a permanência de Jocival na prisão. O motorista, que está preso há 11 meses, é indiciado por três tentativas de homicídio.
“A gente só está pedindo que a Justiça não tenha dois pesos e duas medidas”, garante o presidente do sindicato da categoria . “Já conversamos com promotor, com um juiz, um juiz substituto, e todos estão negando a soltura dele. Só que Jocival tem antecedentes bons, residência fixa, e ao contrário da médica, não se envolveu em nenhum acidente com vítima fatal”, assegura Hélio Ferreira.
Jocival foi indiciado por três tentativas de homicídio, qualificadas por motivo fútil, por não dar condição de defesa às vítimas, além de ter sido realizada por um motorista profissional e contra uma mulher grávida.
Relembre o caso
No dia 16 de janeiro, o ortopedista Raimundo Pereira da Silva Filho, 38, ia para a Praia do Forte com a irmã, Arli Patrícia Silva, e sua mãe, Gerofla Barreto da Silva, quando o carro em que estavam foi atingido no fundo pelo ônibus dirigido por Jocival.
Os três eram seguidos por Nirlana Fernandes Teixeira, que estava grávida de seis meses, sua filha de 2 anos e uma babá, que iam em outro veículo e pararam ao perceber o acidente.
Em depoimento, a família alegou que Raimundo, Nirlana e Arli fizeram fotos da batida em um celular e, quando retornavam para seus veículos, o motorista acelerou o ônibus na direção deles. Raimundo conseguiu empurrar a esposa para longe do veículo e foi atingido em cheio, sendo esmagado contra o próprio carro. A irmã, Arli, sofreu uma fratura grave de bacia e em várias costelas.
Jocival foi preso seis dias após o acidente. No último dia 22 de novembro, o juiz Rogério Miguel Rossi encaminhou o réu  a júri popular e manteve a prisão preventiva, argumentando que é uma forma de “evitar o sentimento generalizado de impunidade, em especial nos crimes de trânsito que tem ocorrido com muita frequência na atualidade, vitimando pessoas inocentes”.
Prisão preventiva
No dia 17 de dezembro, o advogado do motorista, Marcos Pereira, entrou junto ao Tribunal de Justiça (TJ-BA) com pedido de reconsideração da prisão preventiva. “Pedimos que o juiz reconsiderasse a partir do princípio da igualdade. Hoje a comoção social é inversa à época do fato. Muitas pessoas já entraram em contato questionando o motivo de a médica ter sido liberada e ele não”, relata.
Pereira acrescenta que a condição social dos réus influenciou nas decisões. “Ele é um motorista de ônibus; ela, uma médica. Hoje a necessidade de resposta da sociedade é no sentido da Justiça não privilegiar por conta de questões econômicas ou sociais. Se a liberdade chegou a outra pessoa nas mesmas condições, por que ele deve permanecer preso?”, questionou, acrescentando que Jocival não tem antecedentes criminais.

Fonte: Correio*